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Saiba mais sobre os transtornos de humor e ansiedade perinatais


Depressão

A depressão durante e após a gravidez pode ser denominada depressão perinatal e ocorre com mais frequência do que a maioria das pessoas imagina. A depressão durante a gravidez também é chamada de depressão pré-parto ou pré-natal, e a depressão após a gravidez é chamada de depressão pós-parto. 

Aproximadamente 15% das mulheres sofrem de depressão significativa após o parto, no mundo. As porcentagens são ainda maiores para mulheres que também estão enfrentando a pobreza e podem ser duas vezes maiores para mães adolescentes. No Brasil, dados da Fiocruz (2011/2012) mostram que a depressão materna foi detectada em 26% das mães entre 6 a 18 meses após o parto, numa pesquisa nacional que acompanhou mais de 23000 mães. Globalmente, cerca de 10% das mulheres sofrem de depressão durante a gravidez. Na verdade, a depressão é a complicação mais comum da gravidez.

Sintomas

Os sintomas podem começar a qualquer momento durante a gravidez ou no primeiro ano após o parto. Eles diferem para cada pessoa e podem incluir o seguinte:

  • Sentimentos de raiva ou irritabilidade
  • Falta de interesse no bebê
  • Distúrbios do sono e do apetite
  • Choro e tristeza
  • Sentimentos de culpa, vergonha ou desespero
  • Perda de interesse, alegria ou prazer nas coisas que você gostava
  • Pensamentos de prejudicar o bebê ou a si mesma

Fatores de risco

É importante conhecer os fatores de risco para depressão pré-natal e pós-parto. Evidências científicas mostram que todas as condições listadas abaixo aumentam o risco de desenvolver essa doença. Se você tiver algum desses fatores, deve discuti-los com seu médico para que possa planejar com antecedência os cuidados de que precisar.

  • Histórico pessoal ou familiar de depressão, ansiedade ou depressão pós-parto
  • Transtorno disfórico pré-menstrual (TDPM ou SPM)
  • Suporte inadequado para cuidar do bebê
  • Estresse financeiro
  • Estresse conjugal
  • Complicações na gravidez, parto ou amamentação
  • Um importante acontecimento recente na vida: perda, mudança de casa, perda de emprego
  • Mães de múltiplos
  • Mães cujos bebês estão em Terapia Intensiva Neonatal (UTIN)
  • Mães que passaram por tratamentos de infertilidade
  • Mulheres com desequilíbrio da tireóide
  • Mulheres com qualquer forma de diabetes (tipo 1, tipo 2 ou gestacional)

As depressões gestacional e pós-parto são temporárias e tratáveis ​​com ajuda profissional. Se você acha que pode estar sofrendo de uma dessas doenças, saiba que você não tem culpa. Você pode entrar em contato conosco agora através de nosso whatsapp ou email. Nós entendemos o que você está passando e o colocaremos em contato com pessoas que podem ajudar.

 


Ansiedade


Aproximadamente 6% das gestantes e 10% das puérperas desenvolvem ansiedade. Às vezes, elas experimentam ansiedade apenas, e às vezes, experimentam ansiedade com depressão.

Sintomas

Os sintomas de ansiedade durante a gravidez ou pós-parto podem incluir:

  • Preocupação constante
  • Sensação de que algo ruim vai acontecer
  • Pensamentos intrusivos, que invadem a mente constantemente, trazendo desconforto, e são difíceis de dissipar
  • Perturbações do sono e apetite
  • Incapacidade de ficar parado
  • Sintomas físicos como tonturas, ondas de calor e náuseas

Fatores de risco

Os fatores de risco para ansiedade e pânico perinatais incluem história pessoal ou familiar de ansiedade, depressão ou ansiedade perinatal prévia ou desequilíbrio da tireóide.

Além da ansiedade generalizada, existem algumas formas específicas de ansiedade que você deve conhecer. Uma é o Transtorno do Pânico. Essa é uma forma de ansiedade com a qual a pessoa se sente muito nervosa e tem ataques de pânico recorrentes. Durante um ataque de pânico, ela pode sentir falta de ar, dor no peito, claustrofobia, tontura, palpitações cardíacas e dormência e formigamento nas extremidades. Os ataques de pânico parecem vir em ondas, mas é importante saber que eles vão passar e não vão te machucar.

Outra forma de ansiedade é o Transtorno Obsessivo Compulsivo. Saiba mais sobre isso aqui.

A ansiedade no período perinatal é temporária e tratável ​​com ajuda profissional. Se você acha que pode estar sofrendo de um desses adoecimentos, saiba que você não tem culpa. Você pode usar nossa página de recursos para entrar em contato conosco agora. Entendemos o que você está passando e te auxiliaremos a encontrar pessoas que entendam o que você está passando e que possam te ajudar.


Transtorno Obssessivo-Compulsivo no período perinatal

O Transtorno Obsessivo-Compulsivo Pós-parto (TOC) é o mais incompreendido e diagnosticado dos transtornos perinatais.

Você não precisa ser diagnosticado com TOC para sentir esses sintomas comuns de ansiedade perinatal. Estima-se que até 3-5% das novas mães e alguns novos pais terão esses sintomas. As imagens e pensamentos repetitivos e intrusivos são muito assustadores e podem parecer que vieram “do nada”. Um estudo mostrou que essas imagens são de natureza ansiosa , não delirantes, e têm risco muito baixo de passar para a ação. É muito mais provável que os pais com esse sintoma tomem medidas para evitar os gatilhos que disparam esses pensamentos e também ações para evitar que aconteça o que eles temem que possa causar dano ao bebê.

Sintomas

Os sintomas obsessivo-compulsivos perinatais podem incluir:

  • Obsessões, também chamadas de pensamentos intrusivos, que são pensamentos persistentes e repetitivos ou imagens mentais relacionadas ao bebê. Esses pensamentos são muito perturbadores e não são algo que a mulher já tenha experimentado antes.
  • Compulsões, em que a mãe pode fazer certas coisas repetidamente para reduzir seus medos e obsessões. Isso pode incluir coisas como a necessidade de limpar constantemente, verificar coisas muitas vezes, contar ou reorganizar coisas.
  • Uma sensação de horror, espanto em relação às obsessões
  • Medo de ficar sozinha com o bebê
  • Hipervigilância na proteção do bebê
  • As mães com TOC pós-parto sabem que seus pensamentos são bizarros e dificilmente agirão de acordo com eles.

Fatores de risco

Os fatores de risco para o TOC pós-parto incluem uma história pessoal ou familiar de ansiedade ou TOC.

O TOC pós-parto é temporário e tratável com ajuda profissional. Se você acha que pode estar sofrendo desse transtorno, saiba que você não é a culpada. Você pode usar nossa página de recursos para entrar em contato conosco agora. Entendemos o que você está passando e conectaremos você a pessoas que entendem e que podem ajudar.

 


Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT)

Aproximadamente 9% das mulheres apresentam transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) após o parto.

Na maioria das vezes, esse transtorno é causado por um trauma – um evento que envolveu sensação de ameaça à vida ou à integridade física, que pode ter sido real ou percebida,  durante o parto ou pós-parto. Esses traumas podem incluir, por exemplo:

  • Ter passado por prolapso de cordão umbilical no nascimento do bebê
  • Cesariana não planejada
  • Uso de extrator a vácuo ou fórceps para o parto
  • Bebê indo para a UTIN
  • Sentimentos de impotência, comunicação deficiente e / ou falta de apoio e segurança durante o parto
  • Mulheres que passaram por um trauma anterior, como estupro ou abuso sexual, também correm um risco maior de sofrer de TEPT pós-parto.
  • Mulheres que experimentaram uma complicação física grave ou lesão relacionada à gravidez ou ao parto, como hemorragia pós-parto grave, histerectomia inesperada, pré-eclâmpsia / eclâmpsia grave, trauma perineal (ruptura de 3º ou 4º grau) ou doença cardíaca.

Sintomas

Os sintomas de TEPT pós-parto podem incluir:

  • Revivência intrusiva de um evento traumático passado (que, neste caso, pode ter sido o próprio parto)
  • Flashbacks ou pesadelos
  • Evitar estímulos associados ao evento, incluindo pensamentos, sentimentos, pessoas, lugares e detalhes do evento
  • Excitação aumentada persistente (irritabilidade, dificuldade em dormir, hipervigilância, resposta ao sobressalto exagerada)
  • Ataques de ansiedade e pânico
  • Sensação de irrealidade e desapego

O TEPT pós-parto é temporário e tratável com ajuda profissional. Se você acha que pode estar sofrendo desse transtorno, saiba que a culpa não é sua. Você pode usar nossa página de recursos para entrar em contato conosco agora. Entendemos o que você está passando e conectaremos você a pessoas que entendem e que podem te ajudar.


Transtorno do Humor Bipolar

O Transtorno do Humor Bipolar também é conhecido como Transtorno Maníaco-Depressivo. O Transtorno Bipolar inclui os tipos 1 e 2.

Existem duas fases de um transtorno de humor bipolar: os baixos e os altos. O período de baixa é clinicamente chamado de depressão e o de alta é chamado de mania ou hipomania. Muitas mulheres são diagnosticadas pela primeira vez com depressão bipolar ou mania durante a gravidez ou pós-parto. No Bipolar tipo 2, o episódio maníaco é menos aparente; os altos e baixos não são tão extremos e, às vezes, é mais aparente para amigos e familiares do que para o indivíduo que está passando pelas fases.

O critério para o diagnóstico de transtorno do humor bipolar é que os sintomas durem mais de quatro dias e interfiram no funcionamento e nos relacionamentos. Às vezes, os altos e baixos parecem acontecer quase ao mesmo tempo; esse estado confuso é chamado de episódio misto. Esses ciclos e estados emocionais são mais do que o mau humor da gravidez ou do pós-parto. Para muitas mulheres, a gravidez ou o pós-parto pode ser a primeira vez que ela percebe que tem ciclos bipolares de humor.

Às vezes, uma pessoa com episódios graves de mania ou depressão também apresenta sintomas psicóticos, como alucinações ou delírios. Esses sintomas apresentam alto risco e devem ser tratados imediatamente. Em caso de emergência, clique aqui para obter informações.

O transtorno bipolar pode ser semelhante a uma depressão ou ansiedade graves.

Em mulheres grávidas e após o parto, a depressão bipolar pode ser semelhante a uma depressão muito grave ou pode ser sentida como ansiedade. É muito importante que seu histórico de humor seja revisado para avaliar se você teve momentos de humor persistentemente elevado, diminuição da necessidade de sono e períodos de produtividade acima da média. Há um risco muito alto de gravidade aumentada se você for tratado apenas para depressão, mas tem potencial para entrar em uma parte maníaca ou hipomaníaca de seu ciclo.

Fatores de risco

Fatores de risco para transtorno do humor bipolar são história familiar ou pessoal de transtorno do humor bipolar (também chamado de depressão maníaca).

Transtorno do humor bipolar tipo I

  • Períodos de humor severamente deprimido e irritabilidade
  • Humor muito melhor que o normal
  • Discurso rápido, acelerado
  • Pouca necessidade de dormir
  • Pensamentos acelerados, dificuldade de concentração
  • Alta energia contínua
  • Excesso de confiança
  • Delírios (frequentemente são de grandiosidade, mas também podem ser paranóicos)
  • Impulsividade, mau julgamento, distração
  • Pensamentos grandiosos, senso inflado de auto-importância
  • Nos casos mais graves, delírios e alucinações

Transtorno do humor bipolar tipo II

  • Períodos de depressão severa
  • Períodos em que o humor está muito melhor do que o normal
  • Discurso rápido, acelerado
  • Pouca necessidade de dormir
  • Pensamentos acelerados, dificuldade de concentração
  • Ansiedade
  • Irritabilidade
  • Alta energia contínua
  • Excesso de confiança

É essencial consultar um profissional informado com experiência e treinamento em avaliação e tratamento de saúde mental durante a gravidez e o pós-parto. A situação de cada mulher é diferente, mas a melhor prática é consultar antes da gravidez e ter um plano de tratamento em vigor para a gestação. Há um crescente corpo de pesquisas que explora o equilíbrio do risco-benefício do uso de estabilizadores de humor durante a gravidez e a amamentação.

Visite nossa página de recursos sobre medicação perinatal para obter mais informações.


Psicose puerperal (Psicose Pós-parto)

A psicose pós-parto é uma doença rara, em comparação com as taxas de depressão ou ansiedade pós-parto.

Ocorre em aproximadamente 1 a 2 em cada 1.000 partos, ou aproximadamente 0,1 a 0,2% dos nascimentos. O início é geralmente súbito, mais frequentemente nas primeiras 2 semanas após o parto.

Sintomas

Os sintomas de psicose puerperal podem incluir:

  • Delírios ou crenças estranhas
  • Alucinações (ver ou ouvir coisas que não existem)
  • Sentir-se muito irritada
  • Hiperatividade
  • Diminuição da necessidade ou incapacidade de dormir
  • Paranóia e desconfiança
  • Mudanças rápidas de humor
  • Dificuldade de comunicação em alguns momentos

Os fatores de risco mais significativos para psicose pós-parto são uma história pessoal ou familiar de transtorno bipolar ou um episódio psicótico anterior.

Das mulheres que desenvolvem psicose pós-parto, a pesquisa sugere que há uma taxa de suicídio de aproximadamente 5% e uma taxa de infanticídio de 4% associada à doença. Isso ocorre porque a mulher que está passando por psicose está passando por uma ruptura com a realidade. Em seu estado psicótico, os delírios e crenças fazem sentido para ela; eles parecem muito reais para ela e frequentemente envolvem conteúdos religiosos. O tratamento especializado imediato para uma mulher que está passando por psicose é imperativo.

Também é importante saber que muitas sobreviventes de psicose pós-parto nunca tiveram delírios contendo comandos violentos. Os delírios assumem muitas formas e nem todas são destrutivas. A maioria das mulheres que experimentam psicose pós-parto não faz mal a si mesmas ou a qualquer outra pessoa. No entanto, sempre há o risco de perigo porque a psicose inclui pensamento delirante e julgamento irracional, e é por isso que as mulheres com essa doença devem ser avaliadas, tratadas e monitoradas cuidadosamente por um profissional de saúde mental perinatal treinado.

A psicose pós-parto é temporária e tratável com ajuda profissional, mas é uma emergência e é essencial que receba ajuda imediata. Se você acha que você ou alguém que você conhece pode estar sofrendo dessa doença, saiba que a culpa não é sua. Ligue para o seu/sua médico(a) ou para uma linha direta de emergência em saúde, imediatamente, para que você possa obter a ajuda de que precisa.